25 de out. de 2015

[Literatura em Movimento] Tema de Outubro - Doces ou Travessuras?

Nós piscamos e já estamos no final de outubro! Vish... com que rapidez este ano está indo...!!
Hoje é dia de blogagem coletiva! Para quem ainda não conhece, Literatura em Movimento é um projeto de blogagem coletiva organizado pelos blogs Café com Livro, da Helena Dias,
Da Literatura, da Ana Karina e Sacudindo as Palavras, da Denise Valente. Caso você queira saber de maiores detalhes, clique aqui.
Este mês, da mesma forma que iniciamos em setembro, temos 3 sugestões de temas. A organização e os blogs participantes gostaram bastante desse modelo, pois o intuito é liberar ainda mais a criatividade de todos, uma vez que podem escolher qualquer um dos temas, o que mais se identificar; pode ser um ou dois ou os três. Soltem a imaginação!!
Que tal agora conhecermos os temas de OUTUBRO?


 TEMA 1 - EU NÃO VOU TE MACHUCAR.
Outubro chegou e, com ele, um gênero adorado por uns e odiado por outros. Os amantes do terror aguardam ansiosamente por esse mês, reservando filmes e livros especialmente para apreciar em outubro. Então, em clima de Halloween, você deverá escolher os 5 personagens da literatura que considera os mais aterrorizantes. Tente ao máximo passar o terror por trás do personagem, ok?
TEMA 2 - NO MEU TEMPO...
Engana-se quem pensa que este mês traz apenas o terror e o medo. Pelo contrário, com ele também chegam as lembranças de brincadeiras, desenhos e toda uma infância repleta de muitas emoções. Não podemos negar que as coisas estão mudando cada vez mais rápido atualmente. Acabamos sempre pensando em como era diferente na nossa época de criança. Portanto, você deverá redigir um texto falando de como foi a sua infância e das coisas que mais te marcaram na época, assim como o que mudou mais drasticamente, na sua opinião.
TEMA 3 - QUEM TEM MEDO DO LOBO MAU?
Claro que não poderíamos deixar de unir essas duas datas lindas, não é mesmo?! Quem nunca contou histórias de terror? Quem nunca segurou o medo de algo para se fazer de corajoso na frente dos amigos? Lembrando da infância e dos medos bobos (ou não) de quando éramos pequeninos, queremos saber: qual(is) o(s) mito(s) que mais lhe causavam medo quando criança? Não precisar ser necessariamente uma lenda, pode ser qualquer coisa que te fazia olhar embaixo da cama e dentro do armário antes de ir dormir.
As regras de publicação continuam as mesmas: os textos deverão ser postados entre os dias 16 e 25 de outubro.
P.S.: Caso você queira sugerir algum tema para o projeto, poderá fazer isso através desse formulário
aqui.

Então vamos ao que interessa, o tema escolhido este mês, foi o Tema 3 – Quem tem Medo do Lobo Mau?

Quando criança, haviam algumas histórias que me arrepiavam e eram a responsáveis pelos meus medos de escuro, lugares apertados e isolamento.

Mudei ainda criança, para um bairro novo na minha antiga cidade. Por se tratar de um bairro novo, não havia, e até hoje não há, outros bairros próximos. Pelo contrário, o que se via ao redor do meu bairro eram pastagens, plantações de milho e criações de gado. A distância e o isolamento do bairro já deveria ser um agravo para as mentes das crianças que se quer tinham coragem de sair de casa a noite. Mas, ainda era necessário, que adultos criassem lendas e mitos para assustar os mais animados, que tentavam ir até a cidade sozinhos durante a noite. E para isso, contavam com duas criaturas sobrenaturais, que habitavam as duas entradas do bairro.

Uma delas ocupava a entrada norte do bairro, onde havia um antigo posto de gasolina abandonado e a outra na entrada sul, ocupava um pequeno córrego que passava abaixo da estrada.

A criatura do norte, habitante do posto abandonado, era conhecida como a Noiva de Branco. Uma variação da tão conhecida lenda da Dama de Branco, o diferencial desta lenda do interior de Goiás, é que não era suficiente uma criatura, era preciso unir outra criatura a lenda, portanto a Noiva de Branco, era uma junção da Dama de Branco com o Cavaleiro sem Cabeça.

Segundo os idosos do bairro e até mesmo da cidade, a oitenta anos atrás um casal apaixonado havia marcado o casamento que deveria acontecer na cidade vizinha. Naquela época, os casamentos em si, não eram o evento principal, o que todos queriam ver e participar, era a cavalgada, acompanhar o noivo conduzindo um alazão com a noiva na garupa até a igreja onde se casariam, estas cavalgadas duravam até semanas.

E a lenda diz que os noivos quando chegavam próximo ao local onde depois foi construído o posto de gasolina, foram atropelados por um caminhão que transportava madeira. No acidente a noiva morreu ao ter a cabeça degolada. O noivo por sua vez, não morreu no local, foi transportado para a capital, onde então veio a falecer.

Com a morte prematura e a iminente felicidade interrompida, dizem os mais velhos, que o rancor da noiva não deixou sua alma descansar, transformando-a em uma alma penada que vagueia pelo trecho onde morreu, vestindo seu vestido de noiva, e guiando o cavalo que antes pertencerá ao amado. A cabeça ela leva presa a cintura e até hoje ainda procura pelo amado. E como nunca o encontra costuma levar almas de caminhoneiros que passam a noite no posto abandonado, ou de transeuntes desavisados.

A criatura do sul, era de hábitos diferentes, tratava-se de uma versão do mito conhecido como Pai d’agua, o nome desta criatura era Negrinho do Brejo, que basicamente diziam que se tratava de um garoto pequeno, com o corpo todo coberto por pelos e olhos vermelhos como o fogo. Ele habitava o bueiro que ficava abaixo da estrada. Ali ele esperava por viajantes incautos e os surpreendia.

Cabia ao viajante lhe pagar uma prenda, poderia ser fumo ou pinga.

Se por acaso, o viajante não possuía um destes itens, o Negrinho arrastava o viajante para o fundo do córrego, onde morreria afogado e teria a alma tomada pela entidade.

Embora nunca tenha visto nada que comprovasse as duas lendas, os moradores do bairro costumavam acreditar. Até pouco tempo atrás, nenhuma construção havia permanecido habitada no local onde dizem que noiva faleceu, aqueles que ali permaneciam por uma noite que fosse, diziam ouvir o trotar de um cavalo passando pelo cascalho da estradinha de terra, ou mesmo o choro descompensado de uma mulher, mas quando a procuravam nada viam, este foi uma das razões que acabaram fechando o posto de gasolina.

Já o Negrinho do Brejo, costumava receber oferendas. Pessoas mais velhas que moravam em sítios próximos costumavam colocar fumo de corda e até mesmo pinga em mini-balsas, como as oferecidas a Iemanjá e deixar a agua do córrego levar, eles acreditavam que se fizessem isso, manteria o Negrinho afastado das pessoas que passavam pela estrada a noite.

Bom, não sei se era um mito, folclore ou verdade. Mas, uma verdade é inegável, tanto eu quanto outras crianças acreditavam nesta lenda. E por muitos anos tive medo de passar pelos dois lugares durante a noite. O medo deixou de reinar apenas quando o asfalto cobriu ambas as estradas. Ou foi quando cresci? Não tenho certeza, mas agradeço a Deus por hoje morar bem longe daquele lugar. Mesmo tendo como vizinhos, os eternos moradores de um cemitério.

http---signatures.mylivesignature.com-54492-348-8CDC41FCD38DF5750D599C05656C608C

 

 

 

 

6 comentários:

  1. Nossa!!!! Adorei demais seu texto. Lembrou algumas lendas que tem por aqui também e que as crianças da época, inclusive eu, morriam de medo!!!

    Parabéns pelo ótimo texto!!!
    Beijos.
    Café com Livro

    ResponderExcluir
  2. Oi Julielton! Eu acho paisagens com milharais muito assustadoras haha. Também já ouvi algumas histórias que os pais contam pra assustar às crianças e por limite nas travessuras delas. Mas sabe se lá, pode muito bem não se e só lenda né? Rs Beijos.

    ResponderExcluir
  3. Gente, que entidades são essas! Eu, coitado de mim, iria morrer só de ver a noiva calvagando, imagina essa entidade cheio de pelos?? Deus me livre!! *-*

    Abraços e até!

    lendoferozmente.blogspot.com.br

    ResponderExcluir
  4. Gente!, que legal!
    Adorei sua postagem! Amo lendas e mitos, e tenho uma vontade enorme de escrever um livro ou conto baseado em folclore nacional!
    A Dama de Branca é foda, tem em tudo que é lugar, mas juntar com o cavaleiro sem cabeça foi forte! Seria o Negrinho do Brejo um Saci d'Água?... hum....
    Parabéns!
    Até + ver! Nu.
    As 1001 Nuccias | Curtiu?

    ResponderExcluir
  5. Julielton, que lenda interessante, hein? Eu morreria de medo de encontrar essa noiva por aí também! hehehehe...
    Ótimo texto! Gostei muito de conhecer uma lenda de outro canto do país. :)
    Beijo.

    ResponderExcluir
  6. Meu pai do céu, a lenda da Noiva me deixou arrepiada de medo! Até porque, a meu ver, é bem plausível. MEDO!
    Ótimo post.
    Beijos.

    www.historiamuda.com.br

    ResponderExcluir

Sua opinião é sempre importante, por isso espero seu comentário!
Critique, de sugestões, elogie, comente.

Julielton Souza