12 de jul. de 2015

Livro #30: Objetos Cortantes de Gillian Flynn

Preliminares

” Em inglês a depressão é chamada de blues, mas eu ficaria feliz em despertar para um mundo azulado.
Para mim a depressão é amarelo-urina.
Quilômetros exaustos de mijo fraco.” – (p.68)

“Você é machista.

Estou farta de homens liberais de esquerda praticando discriminação sexual

sob disfarce de proteger as mulheres da discriminação sexual.” – (p.115)

“Gosto de riscar os dias no calendário — cento e cinquenta e um dias riscados e nada realmente horrível aconteceu.

Cento e cinquenta e dois e o mundo não está destruído.

Cento e cinquenta e três e eu não destruí ninguém.

Cento e cinquenta e quatro e ninguém realmente me odeia.

Às vezes penso que nunca me sentirei segura até poder contar meus últimos dias em uma das mãos.

Mais três dias a suportar até não precisar mais me preocupar com a vida.” - (p.118)

Sinopse

Título: Objetos Cortantes/ Autora: Gillian Flynn/ Ano: 2015/ Páginas: 254/ Editora: Intrínseca

Objetos Cortantes - Uma narrativa tensa e cheia de reviravoltas. Um livro viciante, assombroso e inesquecível. Recém-saída de um hospital psiquiátrico, onde foi internada para tratar a tendência à automutilação que deixou seu corpo todo marcado, a repórter de um jornal sem prestígio em Chicago, Camille Preaker, tem um novo desafio pela frente. Frank Curry, o editor-chefe da publicação, pede que ela retorne à cidade onde nasceu para cobrir o caso de uma menina assassinada e outra misteriosamente desaparecida.
Desde que deixou a pequena Wind Gap, no Missouri, oito anos antes, Camille quase não falou com a mãe neurótica, o padrasto e a meia-irmã, praticamente uma desconhecida. Mas, sem recursos para se hospedar na cidade, é obrigada a ficar na casa da família e lidar com todas as reminiscências de seu passado. Entrevistando velhos conhecidos e recém-chegados a fim de aprofundar as investigações e elaborar sua matéria, a jornalista relembra a infância e a adolescência conturbadas e aos poucos desvenda os segredos de sua família, quase tão macabros quanto as cicatrizes sob suas roupas.

Nota no Skoob: 4,2

Preço de Capa: R$ 16,66 até R$ 41,31

A Autora

Gêneros: Literatura Estrangeira / Romance / Suspense e Mistério | Nascimento: 24/02/1971 | Local: Estados Unidos - Missouri - Kansas City

Gillian Flynn é jornalista e, antes de se dedicar integralmente à carreira de escritora, trabalhou por dez anos como crítica de cinema e TV para a Entertainment Weekly. Nascida na cidade de Kansas, no Missouri, e formada em jornalismo e inglês pela Universidade do Kansas, Gillian escreveu durante dois anos para uma revista de negócios na Califórnia e concluiu um mestrado em jornalismo na Northwestern University, em Chicago.
Além de Garota exemplar, é autora dos premiados Na Própria Carne e Dark Places. Seus livros foram publicados em vinte e oito países e tiveram os direitos de adaptação cinematográfica vendidos. Atualmente, Gillian mora em Chicago com o marido e o filho.

Nota no Skoob: 4.8

Dialética

Objetos Cortantes é o primeiro livro da autora Gillian Flynn mais conhecida pelo sucesso mundial: Garota Exemplar, o qual já foi adaptado para o cinema, com Ben Affleck e Rosamund Pike nos papeis principais.

O livro lançado este ano pela Editora Intrínseca está em sua segunda versão, já que em 2008 foi lançado no Brasil pela Editora Rocco com o título: Na Própria Carne.

Na Própria Carne

Na sua obra de estreia Gillian apresenta uma trama envolvente e alucinante, com reviravoltas e mistério dignos dos melhores clássicos do mundo.

Somos apresentados a Camille Preaker uma jornalista problemática e com graves problemas de estabilidade emocional. Camille é oriunda de uma cidade no interior dos Estados Unidos chamada Wind Gap, um lugar que jurou nunca mais voltar, porém quis o destino que isso ocorresse de uma forma misteriosa.

Camille é enviada a terra natal para cobrir o desaparecimento de uma garotinha de nove anos chamada Natalie, porém tudo indica que Natalie foi a segunda vítima de um serial killer que no ano anterior teria matado estrangulada a pequena Ann também de nove anos.

Como uma conterrânea o editor de Camille acredita que ela conseguira se aprofundar nos segredos da cidade. E, é exatamente o que ela faz, ao chegar na cidade começa a ouvir diversas versões sobre o que vem acontecendo.

Não obstante, Camille é obrigada a ficar hospedada na casa onde cresceu, e onde sua mãe Adora ainda vive com o padrasto Alan e a meia-irmã Amma.

O trabalho de Camille cruzará com inúmeras pessoas e histórias, e aos poucos não somente o misterioso crime vai sendo revelado como também o próprio passado de Camille, o qual esconde cicatrizes mais profundas do que as que ela carrega estampadas no corpo.

Camille tem problemas emocionais sérios, e um de seus efeitos é procurar se cortar. No livro ela não é claramente diagnosticada, mas me levo a crer que ela sofra da Sindrome de Borderline, onde o doente sente necessidade de se auto infligir ferimentos para se sentir conectado com o mundo. O problema é que Camille não apenas se corta, mas risca na própria pele palavras que naquele momento lhe pareceram importantes. Em seu corpo você irá encontrar palavras como: geladeira, vazio, teimosa, sumir.

Entre os personagens secundários aqueles que mais chamam a atenção são os membros da família de Camille, principalmente sua mãe Adora.

Ela também apresenta um comportamento doentio, mas isso deixo pra vocês descobrirem, Adora trata Camille como um estorvo enquanto a meia-irmã de treze anos é mimada e amada em demasia.

Amma a meia-irmã é outra personagem a se destacar, como todos da família ela também é doidinha da cabeça, em casa a bebê da mamãe, na rua uma adolescente vingativa e cruel, dona de dotes nada condizentes com a idade.

Ainda a Allan o marido de Adora e pai de Amma, um ser preguiçoso e ignóbil que vive sobre as rédeas da esposa, na verdade este não tem muito a acrescentar a história.

Wind Gap é como toda cidade pequena, eu que o diga, vivo em uma, e como tal não demora a começar as fofocas sobre a estadia de Camille, seu envolvimento nas investigações e os problemas existentes em casa. E ela conta com isso para descobrir quem é o assassino de criancinhas indefesas.

O livro é complexo e com uma tonalidade de realidade indescritível, não vemos aqui personagens adoráveis, e sem qualquer macula em seu passado, pelo contrário, todos escondem segredos, e cada um tem o seu lado sombrio. Mesmo as garotinhas mortas, ao longo do livro acabam se mostrando verdadeiros capetinhas em forma de criança.

A autora soube muito bem como construir personagens únicos, sem estereotipa-los,
não se prendeu a aparência deixada pelas doenças apresentadas aqui, soube como, não apenas demonstrar como psicopatia é um mal pungente como também apresentou a mediocridade humana de uma forma ímpar.

O livro é tão emocionante e o suspense criado é tão envolvente que é impossível não criar inúmeras possibilidades na cabeça, eu mesmo enquanto lia, apontei inúmeros suspeitos para os crimes que aconteceram em Wind Gap, mas a autora sob como moldar a história para o imprevisível, e foi com grande choque que me deparei com o final.

Um final digno para todos os personagens, exceto para Camille, devo confessar que esperei um final feliz ao lado do detetive Richard, porém Gillian Flynn apresentou a verdade: nem sempre a vida lhe reserva um final feliz.

Sobre o livro em si, a capa apresenta os padrões famosos de Garota Exemplar, neste no entanto as agulhas afiadas tomaram o lugar, dando um ar sombrio e minimalista a capa, o que me agradou muito. A narrativa e escrita são impecáveis, mesmo narrado em terceira pessoa a autora conseguiu destrinchar uma história loucamente real.

A tradução e diagramação como sempre apresenta o selo Intrínseca de qualidade, sem erros perceptíveis, e mesmo se existissem seria impossível localiza-los quando se lê uma história tão envolvente.

Recomendo a leitura a todos que gostam de uma boa investigação policial, um suspense moderado e, é claro uma boa dose de loucura.

5

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3 comentários:

  1. Oi, Julielton!
    Estou bem curiosa para ler esse livro. Confesso que não é um gênero que ando lendo muito, mas só os elogios que vejo tanto para obra como para a autora já aumenta ainda mais minha vontade. Adorei a resenha!

    Beijos!
    livrosdawis.blogspot.com.br

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  2. Julielton!
    Estou com esse livro aqui para leitura e acho que vou ter de passar na frente dos outros, porque pelo visto é um ótimo livro policial.
    Não cheguei a ler o outro livro, mas assisti o filme, bem ansiosa.
    “A suspeita sempre persegue a consciência culpada; o ladrão vê em cada sombra um policial.”(William Shakespeare)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
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  3. Olá!!
    É a primeira resenha que leio sobre este livro e gostei bastante da premissa, adoro suspense. A capa atual é muito linda tbm. Confesso que não li Garota exemplar, mas assisti ao filme e gostei bastante eu definitivamente, preciso ler esse livro! Parabéns pela resenha, me deixou bem curiosa com a historia.
    Bjos e sucesso

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Julielton Souza