Dados do
Livro
Nome: A Travessia
Autor: William P.
Young
Editora: Arqueiro
Tradução de: Cross Roads
Tradutor (a): Fabiano Morais
ISBN: 978-85-8041-262-8
Edição: 1ª Ed. 2013
Estilo: Ficção Canadense Religiosa
Páginas: 240
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Sinopse
Jesus pegou a mão de Tony.
– Na jornada que está prestes a começar, você
poderá escolher curar fisicamente uma pessoa, mas só uma. Assim que escolhê-la,
a sua jornada chegará ao fim.
– Posso curar uma pessoa? Está me dizendo que sou
capaz de curar quem eu quiser? – Na mesma hora, seus pensamentos se voltaram
para o seu próprio corpo em um quarto de UTI. – Deixe-me ver se entendi. Posso
curar qualquer pessoa que quiser?
Jesus se inclinou na direção dele.
– Na verdade, você não pode curar ninguém, não
sozinho. Mas estarei do seu lado, e a pessoa por quem você decidir orar, eu a
curarei através de você.
Um derrame cerebral deixa Anthony Spencer, um multimilionário egocêntrico, em coma. Quando “acorda”, ele se vê em um mundo surreal habitado por um estranho, que descobre ser Jesus, e por uma idosa que é o Espírito Santo.
À sua frente se descortina uma paisagem que lhe revela toda a mágoa e a tristeza de sua vida terrena. Jamais poderia ter imaginado tamanho horror. Debatendo-se contra um sofrimento emocional insuportável, ele implora por uma segunda chance.
Sua prece é
ouvida e ele é enviado de volta à Terra, onde viverá uma experiência de
profunda comunhão com uma série de pessoas e terá a oportunidade de reexaminar
a própria vida. Nessa jornada, precisará “enxergar” através dos olhos dos
outros e conhecer suas visões de mundo, suas esperanças, seus medos e seus
desafios.
Na busca de
redenção, Tony deverá usar um poder que lhe foi concedido: o de curar uma
pessoa. Será que ele terá coragem de fazer a escolha certa?
O Autor
William Paul Young nasceu em Alberta, em 11 de maio de 1955 é um escritor canadense, mais conhecido por sua obra A Cabana.
O mais velho de quatro filhos, Young passou grande
parte da sua infância na Papua-Nova Guiné, junto com seus pais missionários,
numa comunidade tribal. Os membros da tribo vieram a se tornar parte de sua
família.
O fato de ser a única criança branca na comunidade
e que sabia falar sua língua veio a garantir um incomum acesso à cultura e à
comunidade local. Pagou seus estudos religiosos trabalhando com DJ, salva-vidas e em diversos outros empregos temporários.
Formou-se em Religião em Oregon, nos Estados Unidos da América. A sua obra mais
conhecida é "A Cabana" (The Shack).
Em 2012 publicou sua segunda obra "A Travessia"
(Cross Roads).
Sofreu grandes perdas na infância e na
adolescência, mas agora goza, juntamente com sua família, do que chama de um
“esbanjamento de graça” na região noroeste dos Estados Unidos.
Dialética
A Travessia é um
livro que fala sobre fé, perdão, perdas, dor e principalmente sobre renovação.
Pode parecer um livro que tenta pregar uma doutrina religiosa, mas distante
disso é uma obra de ficção e que merece respeito.
Inicialmente a
história nos apresenta Anthony Spencer ou Tony para os íntimos. Um homem
marcado pela mão do destino, perdeu ainda cedo os pais e após passar por
diversos orfanatos e lares adotivos acabou afastado do único parente vivo o irmão
Jacob.
Mesmo com todos
os percalços que encontrou Tony consegue prosperar na vida, forma uma riqueza
exorbitante do nada e construiu o que todos diriam se tratar da vida perfeita.
Mas, longe disso a vida que Tony levava era diferente da que demostrava para a
sociedade, na verdade sua vida maquiada era apenas o que ele deixava os outros
verem.
Embora as pessoas que se relacionavam com Tony em
ambientes sociais ou profissionais pudessem pensar o contrário, ele não era um
homem alegre. Era, sem dúvida, determinado, e estava sempre em busca da próxima
oportunidade. – Pág. 10
Casado duas
vezes com a mesma mulher e divorciado duas vezes também, teve dois filhos.
Gabriel e Angela. O primeiro filho foi o presente que Deus havia lhe dado, a
tão sonhada família reconstruída, o filho perfeito. Porém após acontecimentos
que vão além da compreensão de Tony e principalmente além do alcance de sua
riqueza e fortuna, Tony perde a única pessoa que julgou amar na vida, destroçado
o homem caminha a passos lentos em direção a destruição completa.
Ele
havia se casado duas vezes com a mesma mulher. A primeira união, quando ambos
tinham apenas 20 e poucos anos, tinha gerado um casal de filhos. A filha, uma
jovem revoltada, vivia do outro lado do país, perto da mãe. O garoto era outra
história. O casamento terminara em divórcio por incompatibilidade de gênios, um
exemplo clássico de indiferença e falta de atenção. Em poucos anos, Tony tinha
conseguido deixar em frangalhos a autoestima de Loree. – Pág. 10
Avarento,
odiado, paranoico, ridículo, são adjetivos que descreveriam facilmente o Senhor
Anthony Spencer, após a fatídica perda, ações que o levaram ao como provocado
por um tumor no cérebro, tudo parecia perdido, porém Deus reservava para Tony
uma missão única.
Uma missão que
inclui lutar contra a personificação de seus pecados, conversas com uma velha
índia que gosta de ser chamada de Vovó e um Jesus que não teme lhe estapear o
rosto, transportado para dentro do seu próprio coração Tony se vê lançado em
uma corrida frenética em busca da redenção e quem sabe da salvação de seu
coração e alma.
Porém Tony é uma
pessoa descrente, que não confia nas pessoas e que decidiu que não havia
ninguém no mundo que merecia seu respeito e atenção. Além de tudo o homem não
acreditava em uma pós vida, acreditava apenas na morte, que aquilo era o fim e
nada além disso.
Seu
pai e sua mãe estavam no topo da lista. [...] O próximo nome da lista era Madre
Teresa, seguido imediatamente por Mahatma Gandhi e Martin Luther King. Todos
excepcionais, todos idealizados, todos muito humanos, vulneráveis, maravilhosos
e, agora, mortos. [...] O último nome era o mais difícil e, ao mesmo tempo, o
mais fácil: Jesus. – Pág. 17 – 18
Jesus oferece a
Tony um presente que lhe parecia maravilhoso, a capacidade de curar alguém, uma
única pessoa que poderia superar a pior das doenças e reverter o mais
calamitante estado de saúde.
Nosso personagem
se vê então em um dilema usar o presente de Jesus em si próprio e se livrar da
doença que o jogou ali no meio daquela loucura, ou curar outra pessoa, um
desconhecido, mas quem?
–
Na verdade, você não pode curar ninguém, não sozinho, mas estarei do seu lado,
e a pessoa por quem decidir orar, eu a curarei através de você. – Pág. 70
Durante essas
batalhas ferrenhas e diálogos leves e calorosos a beira do fogo, Tony e jogado
dentro de inúmeras pessoas, como o doce Cabby, a sofrida Molly, a destemida
Maggie e bela Lindsay. Uma família atípica que luta contra os empecilhos em
seus caminhos sem perder a fé.
Confesso que
quando comecei a ler o livro me desanimei muito com William P. Young,
inicialmente o livro é pesado, chato e a leitura segue arrastada. Levei três
dias para ler cinquenta páginas, pois, qualquer desculpa era válida para
abandonar a leitura.
Você acaba
odiando Tony por ser tão estupido logo de início, mas depois de tantas
repetições sobre o personagem você se vê apenas observando, seria a mesma coisa
que assistir televisão no mudo.
Tony é
detestável o que fez com a esposa e com a única filha é perverso, pra não dizer
hediondo. E ainda há sua louca paranoia que o leva desconfiar de tudo se
trancar em um quarto super protegido que nem mesmo ele pode burlar a segurança.
Porém após
entrar em como, conhecer Jack, Jesus e Vovó a história começa a animar com a
inserção dos outros personagens, o pastor e policial Clarence, a enfermeira
Maggie, a mãe lutadora que é Molly, o jovem especial Cabby e a doente e triste
Lindsay. Esses personagens são um caso à parte, sério não há como não se
apaixonar por Maggie uma enfermeira solteirona que sonha com o belo e
inteligente Clarence, que por sua vez é um policial dedicado e fiel a Deus. Há
ainda o ingênuo e sensitivo Cabby um garoto portador de síndrome de Down que
possui um coração de ouro e os mais belos olhos que alguém já descreveu.
Quando esses
personagens são inseridos na história e Tony começa a acompanhar a princípio
involuntariamente suas vidas tudo muda, melhora.
É alegria,
comoção, revolta tudo junto em apenas quatro personagens.
E tudo isso
provoca em Tony uma mudança sensacional que o leva a questionar seus princípios
e todos os traumas que acumulou na vida.
–
Tony – ela respondeu –, nunca conheci alguém que fosse completamente ruim. Em grande parte, sim, mas nunca
completamente. Todo mundo já foi criança um dia, e isso me traz esperanças. As
pessoas só podem dar aquilo que têm, e fazem as coisas por determinados motivos,
mesmo que não tenham consciência de quais são. Às vezes é difícil descobrir,
mas sempre existe um motivo. – Pág. 151
Com um final
surpreendente, mas totalmente previsível o livro vale a pena ser lido, e merece
sua atenção, não por abordar a fé em um deus bondoso e seu filho que sempre
perdoa, mas sim por abordar isso de forma tão leve e fluida que você se esquece
que se trata de uma ficção religiosa.
Sobre a
diagramação, espaçamento e margens, devo dizer que me decepcionei um pouco com
o livro. Na verdade o livro pé evidentemente uma versão econômica, com margens
e espaçamento mínimos, algo que dificulta e muito a leitura, por muitas vezes
me perdi no emaranhado de frases e tive que reiniciar a leitura as vezes de um
parágrafo inteiro.
Os capítulos são
curtos o que ajuda a se situar enquanto lê, e sempre são iniciados com frases e
citações de nomes importantes como: C. S. Lewis, Abraham Lincoln e Mark Twain.
Recomendo a
todos e termino dizendo: Talitha Cumi.
Na Coluna Diversos, publiquei uma lista das
minhas passagens favoritas do livro, se tiver curiosidade clique aqui.
Relacionando
Bom
como sempre termino, citando uma música relacionada com a história, hoje por se
tratar de uma ficção religiosa, escolhi uma música gospel.
Meu Universo do cantor PG ex-Oficina G3,
lançada no álbum Eu Sou Livre em 2007, composição original Mi Universo do
pastor cantor mexicano Jesús Adrían Romero.
Essa música retrata bem os sentimentos de
Tony já bem ao final do livro quando reencontra a fé no Jesus que sua mãe lhe
apresentou ainda criança.
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Julielton Souza