Essa será a minha
primeira resenha aqui neste blog. Será o ato de inauguração do Dialética
Proposital.
Até hoje não havia
criado coragem para escrever sobre qualquer coisa que fosse. Porém um livro
magico me mostrou que é preciso viver cada minuto de sua vida e que nunca,
nunca se deve abandonar alguma coisa pela metade.
E esse livro
esplêndido se chama:
A Culpa é das Estrelas! – John Green
Dados do Livro
Nome: A Culpa é das Estrelas!
Autor: John Green
Editora: Instrínseca
Tradução de: The Fault In Ours Stars
Tradutora: Renata Pettengill
ISBN: 978-85-8057-501-9 (Capa Inspirada no pôster do filme)
Edição: 1ª Ed. Maio de 2014
Papel de Miolo: Polén Soft 80 G/M²
Papel de Capa: Cartão Supremo Alta Alvura 250 G/M²
Páginas: 288
Sinopse
"Os livros de câncer são estúpidos", diz a garota de 16 anos
Hazel que sofre de câncer. Ela não quer se lamentar e não pode fazer nada com o
Grupo de Apoio a Crianças com Câncer... Até que ela encontra Gus - um
adolescente inteligente e de boa aparência - que lhe ajuda a enfrentar a sua
doença. Hazel e Gus discutem livros, ouvem música, assistem filmes e se apaixonam
... apesar dos seus problemas. Gus realiza o grande sonho de Hazel: Juntos eles
voam para Amsterdã a fim de conhecer Peter Van Houten, o autor do livro
favorito de Hazel - Um livro juvenil profundo, emocionante e, ao mesmo tempo,
engraçado sobre a doença, o amor e a morte.
Minha
História com o Livro
Antes de resenhar este livro, devo contar a minha história de ódio,
encantamento e paixão. Quando ACEDE tornou-se uma febre nas redes sociais, eu
logo imaginei: “tai mais um livro adolescente modinha”, e portanto tratei de
ignora-lo com todas as minhas forças.
Livros que se tornam clichê e que de uma hora para a outra se torna o
bem mais precioso de inúmeras pessoas (leia: garotas) passam longe da minha
estante. Não por que os considere ruins, pelo contrário, admito que eles possuem
sua qualidade literária. O que realmente odeio é o fato da obra se tornar
“cool” e engendrar o livro modinha do ano.
Bom como disse, assim que tornei conhecimento do livro e do sucesso que
estava fazendo com a garotada, corri na minha estante do Skoob e o removi da
lista de desejados.
E daí em diante foi uma batalha de rejeição e ódio, evitava ao máximo as
resenhas, book trailers, sorteios, tudo que trouxesse em seu íntimo ACEDE como
parte integrante ou total.
Assim que a adaptação cinematográfica foi lançada ouvi inúmeras pessoas
elogiando, e recomendando o filme, novamente o odiei, em uma ida ao cinema,
recusei-me piamente a assistir ao filme acompanhado de amigos e amigas, optei
então por um filme brasileiro com uma temática um pouco estranho (leia GLS).
Assisti ao filme (Hoje Quero Voltar Sozinho) apenas para não aceitar o fato de
que ACEDE era realmente algo bom de se ver.
O que aconteceu a seguir foi que rejeitado pelos meus amigos que saíram
antes de mim do cinema, vaguei pelos corredores do Shopping, até me deparar com
uma grande loja (leia Americanas), sem o que fazer segui para a sessão de
livros, e devo confessar não havia um livro bom a venda, os que ali haviam eram
todos aqueles que por algum motivo havia decido nunca ler (leia Nicholas
Sparks).
Escondido em uma prateleira de materiais escolares, estava o único
exemplar que a loja possuía em exibição de ACEDE e o pior com a capa do filme.
Eu precisava de um livro pra ler, já que voltaria sozinho pra casa, e
dentro do ônibus precisaria de uma distração a altura do tédio, mesmo a
contragosto comprei o exemplar.
Ali no ônibus iniciei minha leitura, e já nas primeiras páginas detestei
todo o enredo, é claro que haverá aqueles que discordaram de mim, mas sendo
sincero as primeiras vinte páginas do livro são desnecessariamente irritantes,
o livro somente se torna atrativo com a introdução de Augustus Waters.
Ao me sentir desanimado, taquei o livro na mochila e segui o caminho
ouvindo música. O livro permaneceu ali por umas duas semanas entulhado pela
bagunça de roupas e objetos que sempre levo comigo.
Certa noite insone, decide ler alguma coisa, havia vários títulos novos
para ler, livros que tenho certeza adoraria ler, a maioria prêmios de sorteios
e promoções do facebook e blogs, mas alguma razão que até hoje desconheço me
direcionou ao ACEDE e eis que reiniciei minha leitura.
CARAMBA!! Essa é a palavra que encontro para descrever o que encontrei
após a página 16, o livro não é um mero clichê, ou um livro qualquer, é muito
mais que isso, eu me identifiquei com os personagens e passei a amar o livro.
Nasceu naquela madrugada uma paixão que me impediu de parar até terminar
o livro, e eu digo agora ACEDE não é só um livro, é o LIVRO.
O
Autor
John Green é um dos escritores norte-americanos mais queridos pelo
público jovem e igualmente festejado pela crítica.
Com
mais de um milhão de seguidores no twitter, é autor best-seller do The New York Times, premiado com a Printz Medal e o Printz Honor da American
Library Association e com o Edgar Award, e foi duas vezes finalista do prêmio
literário do LA Times.
Com o irmão, Hank, mantém o canal do YouTube “Vlogbrothers”, um
dos projetos de vídeo on-line mais populares do mundo. Mora com a mulher e o filho em
Indianápolis, Indiana.
Personagens
Augustus Waters: Dezessete anos, alto, magro. Sorriso
cafajeste, andar idem. É bonito e sabe muito bem disso. Gosta de
música, livros e games. Grande adepto das ressonâncias metafóricas e da direção
segura, na medida do possível. Seu osteossarcoma está em remissão há mais de
um ano. E ele não tem medo de ir atrás da felicidade.
Hazel Grace: Dezesseis anos. Olhos
verdes e pele clara. Leitora voraz, tem
uma sensibilidade bastante própria, ideias afiadas e câncer de tireoide com
metástase nos pulmões. Gosta de All Stars Chuck Taylors, tem um livro de
cabeceira e sabe o que Magritte quis dizer com “Isso não é um cachimbo”. Está
bem, viva o Falanxifor!
Dialética
Hazel Grace Lancaster poderia ser uma garota normal de dezesseis anos, isso
se não carregasse dentro de si, uma “granada” pronta para explodir. Portadora
de um câncer de tireoide, “...mas com uma respeitável colônia satélite há muito
tempo instalada nos pulmões.”
Hazel é a típica garota sonhadora e feliz, que se descobre doente em
estado terminal, o câncer surgiu na vida da garota ceifando muito de sua vida
de adolescente, afastada da escola e do convívio com pessoas da sua idade, vive
uma vida limitada entre o Hospital Infantil e seu lar.
Apaixonada por um autor que se quer a conhece, chamado Peter Van Houten,
um americano com descendência holandesa, Hazel passa horas trancada em seu
quarto lendo o único livro que gosta, Uma Aflição Imperial escrito por Van
Houten, ou na sala acompanhada dos pais assistindo America’s Next Top Model.
“Meus melhores amigos
eram meus pais. Meu terceiro melhor amigo era um escritor que nem sabia que eu
existia.” (Pág. 19)
Após insistência da mãe, passa a frequentar reuniões de um grupo de
apoio, liderado pelo enfadonho Patrick, no que ele chama de “Coração Literal de
Jesus”. Naquele local, onde crianças e adolescentes com câncer procuram uma
forma de lidar com a doença, Hazel conhece Isaac, um garoto portador de um raro
câncer ocular. De certa forma, Isaac é o único ali que a entende, e os dois se
comunicam apenas pelo olhar ou por sons de desaprovação.
O que Hazel não sabia era que encontraria ali o seu futuro grande amor,
Augustus Waters, um SEC (curado) amigo de Isaac.
Gus como é chamado pelos pais, é um garoto lindo e forte, sobrevivente
da guerra contra o câncer, na qual perdeu uma das pernas. Logo após as
primeiras trocas de olhares, a amizade forçada por ele toma caminhos que os conduziria
a viver a mais bela face do amor.
A troca de livros entre os dois jovens, acaba terminando em uma
extravagante viagem ao outro lado do mundo, munidos de perguntas como: “O que
aconteceu com Sisifo o hamster?”, vivem belos momentos e outros nem tão agradáveis,
experimentam a descoberta do amor e dos prazeres da vida, o gosto de estrelas
na boca e a sensação de se sentir amando e sendo amado.
Li esse livro ouvindo repetidas vezes uma música de John Legend, chamada
All Of Me. Logo abaixo um refrão traduzido da música e o vídeo oficial:
Porque tudo de mim
Ama tudo em você
Ama suas curvas e todos os seus limites
Todas as suas perfeitas imperfeições
Dê tudo de você para mim
Eu te darei meu tudo
Você é o meu fim e meu começo
Mesmo quando perco estou ganhando
Porque te dou tudo de mim
E você me dá tudo de você oh
Me dá tudo de você
Confesso que acho que essa música casa bem com a história de Hazel e Gus.
Bom poderia escrever por horas sobre o livro, mas não querendo passar
spoilers aqueles que ainda não leram, apenas digo: VOCÊS DEVEM LER ESSE LIVRO!
A obra de John Green é um pequeno incentivo aqueles que acham que a vida
não vale a pena, é um remédio para a descrença e para a depressão. Um presente
aqueles que desejam encontrar inspiração para ver o que a belo no mundo.
Frases
e Trechos Preferidos
“O verdadeiro amor nasce em tempos
difíceis.” (Pág. 31)
“Nos dias mais sombrios, o Senhor
coloca as melhores pessoas na sua vida.” (Pág. 32)
"Ás vezes, um livro enche você de
um estranho fervor religioso, e você se convence de que esse mundo despedaçado
só vai se tornar inteiro de novo a menos que, e até que, todos os seres humanos
o leiam.” (Pág. 37)
“Sem dor, como poderíamos reconhecer o
prazer?” (Pág. 38)
“Ás vezes as pessoas não tem noção das
promessas que estão fazendo no momento em que as fazem.” (Pág. 61)
“-Esse é o problema da dor (...). Ela
precisa ser sentida.” (Pág. 63)
“- O.k. – ele disse, depois do que
pareceu ser uma eternidade. – Talvez o.k. venha a ser o nosso sempre.
- O.k. – falei.
E foi o Augustus quem desligou.” (Pág. 72)
E foi o Augustus quem desligou.” (Pág. 72)
“Mas eu acredito em amor verdadeiro,
sabe? Não acho que todo mundo possa continuar tendo dois olhos nem que possa
evitar ficar doente, e tal, mas todo mundo deveria ter um amor verdadeiro, que
deveria durar pelo menos até o fim da vida da pessoa.” (Pág. 74)
“Eu sou tipo. Tipo. Sou tipo uma granada, mãe. Eu sou uma granada
e, em algum momento, vou explodir, e gostaria de diminuir a quantidade de
vítimas, tá? [...]
Eu sou uma granada – repeti. – Só quero ficar longe das pessoas, ler livros, pensar e ficar com vocês dois, porque não há nada que eu possa fazer para não ferir vocês; vocês estão envolvidos demais, por isso me deixem fazer isso, tá? Não estou deprimida. Não preciso sair mais. E não posso ser uma adolescente normal porque sou uma granada.” (Pág. 95)
Eu sou uma granada – repeti. – Só quero ficar longe das pessoas, ler livros, pensar e ficar com vocês dois, porque não há nada que eu possa fazer para não ferir vocês; vocês estão envolvidos demais, por isso me deixem fazer isso, tá? Não estou deprimida. Não preciso sair mais. E não posso ser uma adolescente normal porque sou uma granada.” (Pág. 95)
“[...] e nunca Shakespeare esteve tão
equivocado como quando fez Cássio declarar: “A culpa, meu caro Bruto, não é de
nossas estrelas / Mas de nós mesmos.” Fácil falar quando se é um nobre romano
(ou Shakespeare!), mas não há qualquer escassez de culpa em meio às nossas
estrelas.” (Pág.106)
“Título? – ele perguntou.
Balanço Precisa de um Lar – falei.
Balanço Precisa de um Lar – falei.
Balanço Extremamente Solitário
Necessita de um Lar Amoroso – ele disse.
Balanço Solitário e Ligeiramente
Pedofílico Procura Bumbuns de Crianças – falei.” (Pág. 116)
“Me apaixonei do mesmo jeito que alguém
cai no sono: gradativamente e de repente, de uma hora para outra.” (Pág.
118)
"— Estou apaixonado por você — ele
disse, baixinho.
— Augustus — falei.
— Eu estou — ele disse, me encarando,
e pude ver os cantos dos seus olhos se enrugando. — Estou apaixonado por você e
não quero me negar o simples prazer de compartilhar algo verdadeiro. Estou
apaixonado por você, e sei que o amor é apenas um grito no vácuo, e que o
esquecimento é inevitável, e que estamos todos condenados ao fim, e que haverá
um dia em que tudo o que fizemos voltará ao pó, e sei que o sol vai engolir a
única Terra que podemos chamar de nossa, e eu estou apaixonado por você."
(Pág. 142)
“Eu te amo no presente do indicativo.”
(Pág. 243)
“A luz do sol nascente forte demais em
seus olhos que perecem.” (Pág. 154)
Se você não vive uma vida a serviço de
um bem maior, precisa pelo menos morrer uma morte a serviço de um bem maior,
sabe?” (Pág. 154)
"- Ah, eu não ia me importar,
Hazel Grace. Seria uma honra ter o coração partido por você.” (Pág. 161)
"-O mundo não é uma fábrica de
realização de desejos." (Pág.195)
“-Estou numa montanha-russa que só vai
para cima – falou.
-E é meu privilégio e minha
responsabilidade seguir nessa montanha-russa até o topo com você - retruquei.”
(Pág197)
"Ás vezes parece que o universo quer
ser notado." (Pág. 202)
"Alguns infinitos são maiores que
outros." (Pág. 210)
"(...) Não posso falar da nossa
história de amor, então vou falar de matemática. Não sou formada em matemática,
mas sei de uma coisa: existe uma quantidade infinita de números entre 0 e 1.
Tem o 0,1 e o 0,12 e o 0,112 e uma infinidade de outros. Obviamente, existe um
conjunto ainda maior entre o 0 e o 2, ou entre o 0 e o 1 milhão. Alguns
infinitos são maiores que outros. Um escritor de quem costumávamos gostar nos
ensinou isso. Há dias, muitos deles, em que fico zangada com o tamanho do meu
conjunto ilimitado. Queria mais números do que provavelmente vou ter, e, por
Deus, queria mais números para o Augustus Waters do que os que ele teve. Mas,
Gus, meu amor, você não imagina o tamanho da minha gratidão pelo nosso pequeno
infinito. Eu não o trocaria por nada nesse mundo. Você me deu uma eternidade
dentro dos nossos dias numerados, e sou muito grata por isso." (Pág.
235)
"A dor é como um tecido. Quanto
mais forte, mais valioso." (Pág. 257)
"Meus pensamentos são estrelas que
eu não consigo arrumar em constelações." (Pág. 281)
"Os verdadeiros heróis, no fim das
contas, não são as pessoas que realizam certas coisas; os verdadeiros heróis
são as que REPARAM nas coisas." (Pág. 282)
"Não dá para escolher se você vai
ou não vai se ferir neste mundo, meu velho, mas é possível escolher quem vai
feri-lo." (Pág. 283)
Ultimas
Impressões (pode conter spoilers)
Bom, tenho apenas elogios para o livro, mas assim como Hazel não se
conformou com o final do livro Uma Aflição Imperial, eu não me conformo com o
final de ACEDE. Não que ele tenha ficado inconclusivo, mas perguntas ficaram:
A mãe de Hazel se formou e se tornou uma PATRICK?
Hazel se curou, faleceu, superou a perda de Augustus?
Van Houten escreveu outro livro?
E outras infinitas mais...
Relacionando
Uma das partes que mais gostei no livro, foi a citação ao poema: Nada
que é dourado fica (pág. 251). Por isso, ofereço aqui esse poema tão
expressivo.
Nada que é dourado fica...
O primeiro verde da natureza é dourado,
Para ela, o tom mais difícil de fixar.
Sua primeira folha é uma flor,
Mas só durante uma hora.
Depois folha se rende a folha.
Assim o Paraíso afundou na dor,
Assim a aurora se transforma em dia.
Nada que é dourado fica.
(Robert Frost)
Para aqueles que interessarem, esse
poema foi utilizado em um dos meus filmes preferidos: The Outsiders (1983).
Aqui vocês podem ver essa citação em
inglês em uma das últimas cenas do filme.
Algumas Informações contidas neste
texto foram retiradas do site: http://www.aculpaedasestrelas.com.br/
e http://www.youtube.com.
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Julielton Souza