21 de jul. de 2014

Livro #01 - A Culpa é das Estrelas! – John Green

Essa será a minha primeira resenha aqui neste blog. Será o ato de inauguração do Dialética Proposital.
Até hoje não havia criado coragem para escrever sobre qualquer coisa que fosse. Porém um livro magico me mostrou que é preciso viver cada minuto de sua vida e que nunca, nunca se deve abandonar alguma coisa pela metade.
E esse livro esplêndido se chama:


A Culpa é das Estrelas! – John Green

Dados do Livro




Nome: A Culpa é das Estrelas!
Autor: John Green
Editora: Instrínseca
Tradução de: The Fault In Ours Stars
Tradutora: Renata Pettengill
ISBN: 978-85-8057-501-9 (Capa Inspirada no pôster do filme)
Edição: 1ª Ed. Maio de 2014
Papel de Miolo: Polén Soft 80 G/M²
Papel de Capa: Cartão Supremo Alta Alvura 250 G/M²
Páginas: 288







Sinopse


"Os livros de câncer são estúpidos", diz a garota de 16 anos Hazel que sofre de câncer. Ela não quer se lamentar e não pode fazer nada com o Grupo de Apoio a Crianças com Câncer... Até que ela encontra Gus - um adolescente inteligente e de boa aparência - que lhe ajuda a enfrentar a sua doença. Hazel e Gus discutem livros, ouvem música, assistem filmes e se apaixonam ... apesar dos seus problemas. Gus realiza o grande sonho de Hazel: Juntos eles voam para Amsterdã a fim de conhecer Peter Van Houten, o autor do livro favorito de Hazel - Um livro juvenil profundo, emocionante e, ao mesmo tempo, engraçado sobre a doença, o amor e a morte.

Minha História com o Livro


Antes de resenhar este livro, devo contar a minha história de ódio, encantamento e paixão. Quando ACEDE tornou-se uma febre nas redes sociais, eu logo imaginei: “tai mais um livro adolescente modinha”, e portanto tratei de ignora-lo com todas as minhas forças.
Livros que se tornam clichê e que de uma hora para a outra se torna o bem mais precioso de inúmeras pessoas (leia: garotas) passam longe da minha estante. Não por que os considere ruins, pelo contrário, admito que eles possuem sua qualidade literária. O que realmente odeio é o fato da obra se tornar “cool” e engendrar o livro modinha do ano.
Bom como disse, assim que tornei conhecimento do livro e do sucesso que estava fazendo com a garotada, corri na minha estante do Skoob e o removi da lista de desejados.
E daí em diante foi uma batalha de rejeição e ódio, evitava ao máximo as resenhas, book trailers, sorteios, tudo que trouxesse em seu íntimo ACEDE como parte integrante ou total.
Assim que a adaptação cinematográfica foi lançada ouvi inúmeras pessoas elogiando, e recomendando o filme, novamente o odiei, em uma ida ao cinema, recusei-me piamente a assistir ao filme acompanhado de amigos e amigas, optei então por um filme brasileiro com uma temática um pouco estranho (leia GLS). Assisti ao filme (Hoje Quero Voltar Sozinho) apenas para não aceitar o fato de que ACEDE era realmente algo bom de se ver.
O que aconteceu a seguir foi que rejeitado pelos meus amigos que saíram antes de mim do cinema, vaguei pelos corredores do Shopping, até me deparar com uma grande loja (leia Americanas), sem o que fazer segui para a sessão de livros, e devo confessar não havia um livro bom a venda, os que ali haviam eram todos aqueles que por algum motivo havia decido nunca ler (leia Nicholas Sparks).
Escondido em uma prateleira de materiais escolares, estava o único exemplar que a loja possuía em exibição de ACEDE e o pior com a capa do filme.
Eu precisava de um livro pra ler, já que voltaria sozinho pra casa, e dentro do ônibus precisaria de uma distração a altura do tédio, mesmo a contragosto comprei o exemplar.
Ali no ônibus iniciei minha leitura, e já nas primeiras páginas detestei todo o enredo, é claro que haverá aqueles que discordaram de mim, mas sendo sincero as primeiras vinte páginas do livro são desnecessariamente irritantes, o livro somente se torna atrativo com a introdução de Augustus Waters.
Ao me sentir desanimado, taquei o livro na mochila e segui o caminho ouvindo música. O livro permaneceu ali por umas duas semanas entulhado pela bagunça de roupas e objetos que sempre levo comigo.
Certa noite insone, decide ler alguma coisa, havia vários títulos novos para ler, livros que tenho certeza adoraria ler, a maioria prêmios de sorteios e promoções do facebook e blogs, mas alguma razão que até hoje desconheço me direcionou ao ACEDE e eis que reiniciei minha leitura.
CARAMBA!! Essa é a palavra que encontro para descrever o que encontrei após a página 16, o livro não é um mero clichê, ou um livro qualquer, é muito mais que isso, eu me identifiquei com os personagens e passei a amar o livro.
Nasceu naquela madrugada uma paixão que me impediu de parar até terminar o livro, e eu digo agora ACEDE não é só um livro, é o LIVRO.


O Autor


John Green é um dos escritores norte-americanos mais queridos pelo público jovem e igualmente festejado pela crítica.
Com mais de um milhão de seguidores no twitter, é autor best-seller do The New York Times, premiado com a Printz Medal e o Printz Honor da American Library Association e com o Edgar Award, e foi duas vezes finalista do prêmio literário do LA Times.
Com o irmão, Hank, mantém o canal do YouTube “Vlogbrothers”, um dos projetos de vídeo on-line mais populares do mundo. Mora com a mulher e o filho em Indianápolis, Indiana.

Personagens


Augustus Waters: Dezessete anos, alto, magro. Sorriso cafajeste, andar idem. É bonito e sabe muito bem disso. Gosta de música, livros e games. Grande adepto das ressonâncias metafóricas e da direção segura, na medida do possível. Seu osteossarcoma está em remissão há mais de um ano. E ele não tem medo de ir atrás da felicidade.

Hazel Grace: Dezesseis anos. Olhos verdes e pele clara. Leitora voraz, tem uma sensibilidade bastante própria, ideias afiadas e câncer de tireoide com metástase nos pulmões. Gosta de All Stars Chuck Taylors, tem um livro de cabeceira e sabe o que Magritte quis dizer com “Isso não é um cachimbo”. Está bem, viva o Falanxifor!

Dialética


Hazel Grace Lancaster poderia ser uma garota normal de dezesseis anos, isso se não carregasse dentro de si, uma “granada” pronta para explodir. Portadora de um câncer de tireoide, “...mas com uma respeitável colônia satélite há muito tempo instalada nos pulmões.”
Hazel é a típica garota sonhadora e feliz, que se descobre doente em estado terminal, o câncer surgiu na vida da garota ceifando muito de sua vida de adolescente, afastada da escola e do convívio com pessoas da sua idade, vive uma vida limitada entre o Hospital Infantil e seu lar.
Apaixonada por um autor que se quer a conhece, chamado Peter Van Houten, um americano com descendência holandesa, Hazel passa horas trancada em seu quarto lendo o único livro que gosta, Uma Aflição Imperial escrito por Van Houten, ou na sala acompanhada dos pais assistindo America’s Next Top Model.

“Meus melhores amigos eram meus pais. Meu terceiro melhor amigo era um escritor que nem sabia que eu existia.” (Pág. 19)

Após insistência da mãe, passa a frequentar reuniões de um grupo de apoio, liderado pelo enfadonho Patrick, no que ele chama de “Coração Literal de Jesus”. Naquele local, onde crianças e adolescentes com câncer procuram uma forma de lidar com a doença, Hazel conhece Isaac, um garoto portador de um raro câncer ocular. De certa forma, Isaac é o único ali que a entende, e os dois se comunicam apenas pelo olhar ou por sons de desaprovação.
O que Hazel não sabia era que encontraria ali o seu futuro grande amor, Augustus Waters, um SEC (curado) amigo de Isaac.
Gus como é chamado pelos pais, é um garoto lindo e forte, sobrevivente da guerra contra o câncer, na qual perdeu uma das pernas. Logo após as primeiras trocas de olhares, a amizade forçada por ele toma caminhos que os conduziria a viver a mais bela face do amor.
A troca de livros entre os dois jovens, acaba terminando em uma extravagante viagem ao outro lado do mundo, munidos de perguntas como: “O que aconteceu com Sisifo o hamster?”, vivem belos momentos e outros nem tão agradáveis, experimentam a descoberta do amor e dos prazeres da vida, o gosto de estrelas na boca e a sensação de se sentir amando e sendo amado.
Li esse livro ouvindo repetidas vezes uma música de John Legend, chamada All Of Me. Logo abaixo um refrão traduzido da música e o vídeo oficial:

Porque tudo de mim
Ama tudo em você
Ama suas curvas e todos os seus limites
Todas as suas perfeitas imperfeições
Dê tudo de você para mim
Eu te darei meu tudo
Você é o meu fim e meu começo
Mesmo quando perco estou ganhando
Porque te dou tudo de mim
E você me dá tudo de você oh
Me dá tudo de você


Confesso que acho que essa música casa bem com a história de Hazel e Gus.
Bom poderia escrever por horas sobre o livro, mas não querendo passar spoilers aqueles que ainda não leram, apenas digo: VOCÊS DEVEM LER ESSE LIVRO!
A obra de John Green é um pequeno incentivo aqueles que acham que a vida não vale a pena, é um remédio para a descrença e para a depressão. Um presente aqueles que desejam encontrar inspiração para ver o que a belo no mundo.

Frases e Trechos Preferidos


“O verdadeiro amor nasce em tempos difíceis.” (Pág. 31)


“Nos dias mais sombrios, o Senhor coloca as melhores pessoas na sua vida.” (Pág. 32)


"Ás vezes, um livro enche você de um estranho fervor religioso, e você se convence de que esse mundo despedaçado só vai se tornar inteiro de novo a menos que, e até que, todos os seres humanos o leiam.” (Pág. 37)

“Sem dor, como poderíamos reconhecer o prazer?” (Pág. 38)


“Ás vezes as pessoas não tem noção das promessas que estão fazendo no momento em que as fazem.” (Pág. 61)


“-Esse é o problema da dor (...). Ela precisa ser sentida.” (Pág. 63)

“- O.k. – ele disse, depois do que pareceu ser uma eternidade. – Talvez o.k. venha a ser o nosso sempre.
- O.k. – falei.
E foi o Augustus quem desligou.” (Pág. 72)

“Mas eu acredito em amor verdadeiro, sabe? Não acho que todo mundo possa continuar tendo dois olhos nem que possa evitar ficar doente, e tal, mas todo mundo deveria ter um amor verdadeiro, que deveria durar pelo menos até o fim da vida da pessoa.” (Pág. 74)


“Eu sou tipo. Tipo. Sou tipo uma granada, mãe. Eu sou uma granada e, em algum momento, vou explodir, e gostaria de diminuir a quantidade de vítimas, tá? [...]
Eu sou uma granada – repeti. – Só quero ficar longe das pessoas, ler livros, pensar e ficar com vocês dois, porque não há nada que eu possa fazer para não ferir vocês; vocês estão envolvidos demais, por isso me deixem fazer isso, tá? Não estou deprimida. Não preciso sair mais. E não posso ser uma adolescente normal porque sou uma granada.” (Pág. 95)

“[...] e nunca Shakespeare esteve tão equivocado como quando fez Cássio declarar: “A culpa, meu caro Bruto, não é de nossas estrelas / Mas de nós mesmos.” Fácil falar quando se é um nobre romano (ou Shakespeare!), mas não há qualquer escassez de culpa em meio às nossas estrelas.” (Pág.106)

“Título? – ele perguntou.
Balanço Precisa de um Lar – falei.
Balanço Extremamente Solitário Necessita de um Lar Amoroso – ele disse.
Balanço Solitário e Ligeiramente Pedofílico Procura Bumbuns de Crianças – falei.” (Pág. 116)


“Me apaixonei do mesmo jeito que alguém cai no sono: gradativamente e de repente, de uma hora para outra.” (Pág. 118) 


"— Estou apaixonado por você — ele disse, baixinho. 
 — Augustus — falei. 
 — Eu estou — ele disse, me encarando, e pude ver os cantos dos seus olhos se enrugando. — Estou apaixonado por você e não quero me negar o simples prazer de compartilhar algo verdadeiro. Estou apaixonado por você, e sei que o amor é apenas um grito no vácuo, e que o esquecimento é inevitável, e que estamos todos condenados ao fim, e que haverá um dia em que tudo o que fizemos voltará ao pó, e sei que o sol vai engolir a única Terra que podemos chamar de nossa, e eu estou apaixonado por você." (Pág. 142)


“Eu te amo no presente do indicativo.” (Pág. 243)


“A luz do sol nascente forte demais em seus olhos que perecem.” (Pág. 154) 


Se você não vive uma vida a serviço de um bem maior, precisa pelo menos morrer uma morte a serviço de um bem maior, sabe?” (Pág. 154) 


"- Ah, eu não ia me importar, Hazel Grace. Seria uma honra ter o coração partido por você.” (Pág. 161)


"-O mundo não é uma fábrica de realização de desejos." (Pág.195)


“-Estou numa montanha-russa que só vai para cima – falou.
 -E é meu privilégio e minha responsabilidade seguir nessa montanha-russa até o topo com você - retruquei.” (Pág197)


"Ás vezes parece que o universo quer ser notado." (Pág. 202)


"Alguns infinitos são maiores que outros." (Pág. 210)


"(...) Não posso falar da nossa história de amor, então vou falar de matemática. Não sou formada em matemática, mas sei de uma coisa: existe uma quantidade infinita de números entre 0 e 1. Tem o 0,1 e o 0,12 e o 0,112 e uma infinidade de outros. Obviamente, existe um conjunto ainda maior entre o 0 e o 2, ou entre o 0 e o 1 milhão. Alguns infinitos são maiores que outros. Um escritor de quem costumávamos gostar nos ensinou isso. Há dias, muitos deles, em que fico zangada com o tamanho do meu conjunto ilimitado. Queria mais números do que provavelmente vou ter, e, por Deus, queria mais números para o Augustus Waters do que os que ele teve. Mas, Gus, meu amor, você não imagina o tamanho da minha gratidão pelo nosso pequeno infinito. Eu não o trocaria por nada nesse mundo. Você me deu uma eternidade dentro dos nossos dias numerados, e sou muito grata por isso." (Pág. 235) 


"A dor é como um tecido. Quanto mais forte, mais valioso." (Pág. 257)

"Meus pensamentos são estrelas que eu não consigo arrumar em constelações." (Pág. 281)


"Os verdadeiros heróis, no fim das contas, não são as pessoas que realizam certas coisas; os verdadeiros heróis são as que REPARAM nas coisas." (Pág. 282)


"Não dá para escolher se você vai ou não vai se ferir neste mundo, meu velho, mas é possível escolher quem vai feri-lo." (Pág. 283)


Ultimas Impressões (pode conter spoilers)


Bom, tenho apenas elogios para o livro, mas assim como Hazel não se conformou com o final do livro Uma Aflição Imperial, eu não me conformo com o final de ACEDE. Não que ele tenha ficado inconclusivo, mas perguntas ficaram:
A mãe de Hazel se formou e se tornou uma PATRICK?
Hazel se curou, faleceu, superou a perda de Augustus?
Van Houten escreveu outro livro?
E outras infinitas mais...

Relacionando


Uma das partes que mais gostei no livro, foi a citação ao poema: Nada que é dourado fica (pág. 251). Por isso, ofereço aqui esse poema tão expressivo.

Nada que é dourado fica...
O primeiro verde da natureza é dourado,
Para ela, o tom mais difícil de fixar.

Sua primeira folha é uma flor,

Mas só durante uma hora.
Depois folha se rende a folha.
Assim o Paraíso afundou na dor,
Assim a aurora se transforma em dia.
Nada que é dourado fica.



(Robert Frost)


Para aqueles que interessarem, esse poema foi utilizado em um dos meus filmes preferidos: The Outsiders (1983).
Aqui vocês podem ver essa citação em inglês em uma das últimas cenas do filme.


Algumas Informações contidas neste texto foram retiradas do site: http://www.aculpaedasestrelas.com.br/ e http://www.youtube.com

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Julielton Souza