Dados do Livro
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Título: Alho, Cebola e Beijo na Boca
Autor: Fernando Botto
Editora: Juruá Editora
ISBN: 978-85-3620-636-3
Edição: 1ª Ed. 2004 – 5ª Reimpressão 2009
Estilo: Literatura Brasileira: Crônicas de Humor
Páginas (total): 106
Preço de Capa: R$ 19,90
Avaliação Skoob: 4,8
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Sinopse
No terreno do humor, Curitiba é reduto quase que exclusivo do patusco
mas sinistro Dalton Trevisan. Porém, descobre-se uma veia cômica mais frugal
e irreverente, encontrada na melhor literatura do carioca Millôr Fernandes e
do gaúcho Luís Fernando Veríssimo. Trata-se de Fernando Botto, que estreia
com Alho, cebola e beijo na boca,
um muito bem humorado livro de contos/crônicas, que despretensiosamente
retratam o cotidiano contemporâneo desta eterna, embora cada vez mais
metropolitana, província. Os cenários são os rotarys clubes, os salões de
bailes dos tradicionais clubes Concórdia e Curitibano (com suas formidáveis
festas de formatura) a confeitaria Caruso, a feirinha hippie, o nosso
peculiar trânsito curitibano e muito mais. Já as personagens, como não poderiam
deixar de ser, são a típica pequena burguesia curitibana e suas sagradas
instituições (entre ela, claro, nossas famílias), com seus valores,
cerimônias e formalidades mesquinhos e hipócritas - mas muitas vezes líricos
e ingênuos. Enfim, o "leitmotiv" dessa obra é sobretudo o fabuloso,
hercúleo, original - mas vão - empenho desses nossos contemporâneos em varrer
para debaixo dos tapetes as nossas mesquinhezas e velhacarias as mais
repugnantes, porém não menos dignas da mais refinada apreciação cômico-literária.
Por isso, relaxe e aproveite a leitura.
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O Autor

Eclético, também já cursou Agronomia, Química e Letras. Nas horas vagas, ele não deixa de jogar uma partidinha de xadrez ou de futebol, ou então pode ser encontrado tomando um expresso no já tradicional Café & Cultura.
Mas o que ele gosta mesmo é de lecionar - o que faz já há quase uma década - e de desenvolver projetos nas áreas jurídica, empresarial e educacional, principalmente no que diz respeito a oratória, relacionamento interpessoal e motivação.
Dialética
Crônicas de Humor sempre foram a minha leitura
favorita. Então imagine a felicidade que foi me deparar com Alho, Cebola e
Beijo na Boca, como não amar um livro cujo título já te faz imaginar inúmeras situações
cômicas?
Pois, quem dera se o livro se limitasse ao humor
cotidiano do título, porém ele segue a frente, melhora, transforma situações
cotidianas da burguesia curitibana em esquetes hilárias e nos apresenta 26 crônicas
inteiramente únicas, originais, com uma sagacidade pungente e recheada de estereótipos
e conceitos que traz lagrimas aos olhos devido a tantas gargalhadas.
É difícil falar sobre um livro que você adorou, ou
como neste caso que possui diversas crônicas, e todas são a nata do humor. A
vontade que tenho é de resumir cada crônica aqui, para que todos possam
conhecer o humor de Fernando Botto. Mas, não irei fazer isso, não por achar
errado divulgar a obra do autor sem sua autorização, mas por reconhecer que
jamais conseguiria reproduzir o lado cômico das crônicas sem copiar todas em
sua totalidade.
Por isso, irei falar essencialmente sobre quatro das
minhas crônicas favoritas. Vou esmiuçá-las até o amago de sua contextualização burlesca,
afim de apresentar o que realmente é a escrita de Fernando Botto, um autor que
merece fulgurar entre os grandes nomes de autores de crônicas, como Clarisse
Lispector, Fernando Sabino, Rubem Braga e outros tantos autores cuja obra fora dedicada
a situações tragicômicas do dia-a-dia.
Entre os vinte e seis títulos deste livro, escolhi quatro
que possuem não só uma situação cômica como também representa a hipocrisia
nacional e que com certeza me conquistaram logo em suas primeiras linhas foram:
Fruta-do-conde; Alfredinho e o Cinema; Vale quanto Come e Água-de-coco.
Fruta-do-Conde
Com apenas duas páginas Fernando Botto conseguiu desmembrar
de forma hilária uma situação corriqueira de toda dona de casa, ou mesmo do
jovem que vive sozinho: a ida a feira.
Nesta crônica, o autor apresenta o típico feirante
vigarista que não mede esforços para vender o seu produto, aquele tipo vil e maquiavélico
que encontramos na maioria das bancas de frutas e verduras das feiras de
domingo. Joaquim o feirante busca agradar o cliente, mesmo que para isso
precise contar uma mentirinha do bem, ele é aquele cara que concorda com você
quando você opta por comprar um tomate verde, pois, acredita que ele possui
menos agrotóxicos que o maduro, mesmo que sejam exatamente iguais.
Embora aqui não exista um tomate e sim a
fruta-do-conde. Da amiúda a grandona, da saborosa e carnuda a esnobe e seca,
daquela com mais caroços à aquela que quase não o possui. Praticamente iguais,
as frutas diferem no tamanho e preço, mas para vender, nada melhor do que
ludibriar o cliente e faze-lo comprar a mais cara, acreditando que está levando
o melhor produto da feira, o famoso “gato por lebre”.
Trecho:
— Ih, é muito
melhor. A miúda é mais saborosa, mais carnuda, tem menos caroços e é mais
barata. A graúda é para o pessoal que quer dar uma de chique... quem compra a
graúda ou é porque quer esnobar ou não entende nada de fruta-do-conde. – pag.
19
Alfredinho e o Cinema
Nesta crônica divertidíssima, Fernando faz um dura crítica
aquelas pessoas que sempre fazem de tudo para ver o lado negativo das coisas,
que sempre busca uma explicação sensacionalista para situações comuns.
Em Alfredinho e o Cinema acompanhamos em duas páginas
acompanhamos esse indivíduo que sempre encontra um motivo para rejeitar o
convite de ir ao cinema, a sempre algo que o desagrada e o que o impele a
negação.
É o sujeito brasileiro esnobe, critico, superficial
que não se dá o direito de viver os simples prazeres da vida por achar que tudo
tem que se encaixar na sua forma deturpada de ver as coisas.
Trecho:
E
Alfredinho, surdo e mudo, babão e com pelos na orelha finalmente conheceu o
cinema. Pag. 69
Vale o Quanto Come
O Retorno de Alfredinho. Essa é uma das maiores crônicas
do livro, com quatro páginas, o autor traz uma crônica repleta de machismo e
conceitos ultrapassados que muitos homens ainda teima em manter, Alfredinho
nesta história e um cara de meia idade que encontra a satisfação no sexo sem
compromisso, julgador nato, atribui características as pessoas sem conhece-las,
apenas pela forma de se vestir, caminhar ou comer.
O machismo impregnado em Alfredinho chega a ser cômico,
porque querendo ou não, muitos homens e até mesmo mulheres se encaixam em sua
linha de pensamento.
Essa foi uma das crônicas que mais me fez rir ao
seu termino, de forma brilhante o autor encerra essa historieta com um gancho
certeiro de direita, não a espaço para resposta ou para dúvida, o soco acerta
em cheio.
Trecho:
“— É só
notar. Veja aquela ali por exemplo. Magrinha daquele jeito só vai na saladinha.
Sexo não é com ela. Pelo jeito é do tipo que acha que a cópula só deve ser praticada
para fins de procriação”. – pag. 79
Água-de-Coco
Na última crônica do livro, Fernando apresenta uma
situação comum em nosso Brasil, país com um grande número de analfabetos e semianalfabetos,
pessoas que com pouco ou nenhum estudo e domínio sobre as letras, precisam
trabalhar, ganhar o seu pão de cada dia.
Nesta estória, outra banca, desta vez uma banca de
água-de-coco na praia, algo comum para os frequentadores de lugares como esse.
Porém o que realmente é abordado nesta obra é o uso incorreto do português, a
grafia erra das palavras.
Perseguido pelo devaneios de homens letrados, que
cometem erros piores, o vendedor é questionado sobre a grafia errada da placa
de propaganda da barraca e, se vê obrigado a corrigir tal erro, porém como é de
se esperar uma pessoa que não possui o conhecimento e apenas recebe críticas
tende a cometer o mesmo erro.
E aqui se vê isso acontecer, a cada correção o erro
fica mais gritante e grosseiro.
Acredito que essa crônica é uma crítica a nós que
optamos apenas por julgar a dificuldade do outro, mas nunca recorremos a forma
correta de ação, que seria ajudar aquela pessoa, e não apenas critica-la e
esperar que mude seu jeito apenas por causa de nossa indignação.
Trecho:
“— Me diz
uma coisa: se você deixar a expressão “[agua de coco” sem acento no “o”, não
pode acabar criando uma confusão das pessoas lerem cocô ao invés de côco?” – pag.
103
Devo dizer novamente que adorei o trabalho do
autor, ele merece ser acompanhado, ou melhor “degustado” em todo o seu teor,
talvez eu não tenha conseguido expressar realmente o quanto este livro é
maravilhoso, então fica a você a responsabilidade de adquirir o livro e se
divertir com as situações urbanas mais comuns.
Ao autor eu digo apenas: Achei muito boa aquela
crônica do papagaio.
Relacionando
Para conhecê-lo melhor ou trocar uma ideia, entre
em contato pelo e-mail palestras@mps.com.br,
ou visite seu site na internet www.alhocebola.kit.net.
Editora: Jurua
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Julielton Souza